Judiarias, judeus e judaÃsmo
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Em crescimento desde finais do século IX, a cidade de Lisboa conheceu um novo poder, sob o signo da cristandade, a 25 de Outubro de 1147, após a sua conquista por Afonso Henriques, e a rendição do poder islâmico, quatro dias antes. Lisboa era uma cidade cercada por uma muralha erguida em inÃcios do século IV, reedificada entre finais do século X e inÃcios do séc. XI, na sequência da investida de Ordoño III, rei de Leão, em 953, referida no Chronicon de Sampiro. E era também, aquando da sua conquista, a maior cidade do Gharb al¬ Andalus, densamente povoada, que somava aos 15 hectares de espaço intra¬ muros dois arrabaldes junto das muralhas - em Alfama e a Ocidente -, estendendo¬ se a área urbana por cerca de 30 hectares, com uma população que atingiria o número de 20 a 25 mil habitantes. Precisamente no arrabalde a ocidente da cidade encontrava¬ se, desde pelo menos o reinado do primeiro monarca, uma judiaria, datando a sua primeira menção de 1175, registada a aljazaria de Judeos num documento do cartório do mosteiro de Chelas. Uma presença na baixa lisboeta, muito provavelmente anterior à conquista cristã da cidade que poderá explicar a ocupação relativamente tardia do espaço mais afastado da muralha da "baixa" de Lisboa em redor da judiaria, apesar da presença da paróquia de Santa Maria Madalena ser anterior a 1164. Todavia, parece testemunhᬠlo a fundação, mais tardia, das paróquias de São Julião e São Nicolau, porém já instituÃdas em 1191, altura em que encontramos completamente estruturada a rede paroquial da cidade medieval. E é também o testemunho da relação que Afonso Henriques, tal como o seu sucessor manteriam com a comunidade judaica, servindo¬ se da mesma para a conquista e o povoamento do território. Assim se entende a doação determinadas propriedades a Yahia ben Yaisch por Afonso Henriques, como forma de reconhecimento do auxÃlio prestado ao monarca na luta contra os mouros, nomeadamente na conquista de Santarém, a 15 de Março de 1147, tornando¬ se aquele senhor de Unhos, Frielas e Aldeia dos Negros. À doação de bens de raÃz juntou¬ se a outorga de privilégios, como parece testemunhar o texto da confirmação do foral de Lisboa, por D. Sancho I. Ao confirmar o foral outorgado por seu pai, o rei ordenava que todos os judeus feridos se queixassem ao alcaide ou alvazis, acrescentando assi como foy costume no tempo de meu padre. Protecção que remontava, pelo menos, a 1179, data a partir da qual parece ser possÃvel atestar a presença do cargo de alvazil na cidade de Lisboa. Carlos Guardado da Silva