Available on request
Ed. corrigida e ampliada com novas informações da brochura: A Depuração PolÃtica do Corpo Docente das Universidades Portuguesas durante o Estado Novo (1933‑1974).
A Perseguição aos Professores conta a história de todos aqueles que, por motivos polÃticos, se viram impedidos de aceder à docência universitária, foram afastados dos seus centros de investigação, impossibilitados de progredir nas carreiras académicas ou compulsivamente exonerados das suas funções como investigadores ou professores das universidades portuguesas durante a Ditadura Militar e o Estado Novo.
A depuração polÃtica do corpo docente universitário ou de quem a ele pretendia aceder, quase sempre fundamentada em informações da polÃcia polÃtica, atingiu um largo espectro de investigadores ou docentes, muitos dos quais representavam, nos seus sectores – na matemática, na medicina, na economia, na fÃsica, na agronomia, nas ciências humanas –, o escol do pensamento cientÃfico português. A perseguição polÃtica desses elementos por parte de um regime que considerava a liberdade de opinião e de expressão, e portanto a liberdade cientÃfica, como incompatÃveis com a segurança do Estado, acarretaria nefastas e duradouras consequências para o desenvolvimento cientÃfico em Portugal.
Muitos dos investigadores e docentes perseguidos pelas suas convicções polÃticas viram-se forçados ao exÃlio em vários paÃses da Europa e da América Latina, ou nos EUA, onde livremente puderam exercer o seu múnus cientÃfico. E aà semearam a marca indelével do seu saber, deixando aos paÃses que os acolheram aquilo que foram impedidos de oferecer ao seu.
Não parece possÃvel abordar o problema da depuração polÃtica das universidades sem se compreenderem as relações do Estado Novo com o saber cientÃfico e académico e, portanto, com as universidades, depositárias tradicionais desse conhecimento e órgãos por excelência da sua reprodução. Tenhamos presente que no projecto polÃtico, ideológico e cultural da «polÃtica do espÃrito», delineado no rescaldo do plebiscito constitucional de 1933 com a criação do Secretariado de Propaganda Nacional (SPN), virá a ser atribuÃdo um papel claramente periférico e subalterno ao saber académico, à cultura cientÃfica e à s universidades de uma forma geral.