Época seca

Tudo tem um início e um fim. E a vida militar também.
E, da vida de cada um nem é bom falar. Começa sem que se tenha pedido para começar e acaba quando menos se conta que acabe, e, se se conta, existe sempre a esperança que não seja esse o momento em que tal aconteça.
A companhia sofreu dezenas de contactos no mato, ataques ao(s) aquartelamento(s) e flagelações à distância, reagindo sempre com a dignidade de verdadeiros homens cumpridores do juramento de que defenderiam a pátria em qualquer circunstância, ainda que a maioria lá estivesse, apenas e só, por não poder estar noutro lugar qualquer, e não entendesse o que significava a palavra "pátria", mesmo que em letra maiúscula.
Este livro não é, pois, um diário nem um romance. É história, noventa e nove por cento verdadeira, que quero deixar para que as minhas netas possam ter conhecimento de que eu vivi parte da minha vida numa guerra estúpida e que esta, como todas as outras, só causou dor e sofrimento a todos os lados da contenda, apenas amenizadas pelas relações de amizade que permitiu que se criassem, acabando por perdurarem para sempre.