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O caso de Maria Gomes é, a um tempo, singular e paradigmático. É singular, pelo facto de não se conhecer uma vÃtima feminina da Inquisição tão idosa, pois, a crer na idade - nunca questionada pelos seus carrascos -, Maria Gomes teria 117 anos quando foi executada nas fogueiras da Inquisição no dia 5 de setembro de 1638.
Tendo em conta a sua provecta idade, o seu sofrimento nos cárceres dos Estaus ao longo de dois penosos anos, a tortura a que foi submetida e a sua execução pelo fogo, constituem uma prova insofismável da total destituição de sentimentos - supostamente cristãos - por parte daquela tenebrosa instituição católica. E é paradigmático, pois no seu processo encontramos uma descrição detalhada de como uma cristã--nova, vÃtima de vagas denúncias de ser crente na Lei de Moisés, estava sujeita à prisão, a intermináveis interrogatórios, à tortura, a confissões indesejáveis e à própria morte, submetida à arbitrária insatisfação dos insaciáveis inquisidores. Pois, foi isso mesmo que aconteceu a Maria Gomes.
